domingo, 8 de maio de 2016

SER MÃE: EM EXTINÇÃO!


PRIMEIRO, quero pedir perdão àquelas mulheres que querem, mas não podem ser mãe. Escrevo para as que podem e querem e para as que podem e não querem e para as que já são mães.
Lembro-me de pinturas com mães de olhares doces e cuidados voltados para seus bebês, desde A Pietá de Michelangelo onde Maria olha triste e terna para Jesus deitado no seu colo após a crucificação, retratando o cuidado e a dor de uma mãe pelo sofrimento de um filho, até quadros de muitos pintores ao redor do mundo mostrando o afeto e a alegria de ser mãe.
Também reporto-me a uma frase muito ouvida antigamente: “instinto maternal”. Isto é, a mulher já nasceria com o instinto, com a vontade de ser mãe.
Hoje, os sociólogos e as feministas afirmam que “ser mãe”  foi uma imposição da sociedade. Creio que a sociedade sim impôs à mulher o conceito de que ela tem que cuidar sozinha dos filhos enquanto o marido galga seu sucesso profissional e pessoal. Porém, como a sociedade conseguiu impor algo que é único da mulher?
Lembro-me com saudosismo de uma música que ouvia ao crescer sobre o papel cuidador da mãe: mamãe, mamãe, mamãe, eu me lembro o chinelo na mão, o avental todo sujo de ovo, eu queria fazer outra vez mamãe, começar tudo, tudo de novo”. Essa música enaltecia a mãe como a rainha do lar. O filho, agora adulto, estava com saudade até das punições físicas da mãe. Ah, eu também me lembro das minhas, mas tenho saudade e nenhum trauma. Foi assim que nasci e cresci, até que o movimento feminista da década de 70 também nasceu e cresceu. O feminismo sonhava que a mulher tivesse igualdade salarial e profissional ao homem. Concordo plenamente com isso, mas não a ponto de roubar da mulher a feminilidade, a doçura, a sensibilidade e o privilégio único de “ser mãe”.
Freud ( psicanalista) afirmava cem anos atrás que a mulher tem inveja do pênis do homem porque é sinal de poder, assim como o homem tem inveja do útero materno porque só a mulher consegue essa peculiaridade: nutrir e desenvolver um ser humano dentro de si por nove meses, e ainda por cima, amamentá-lo por mais tempo após seu nascimento. ( Em algumas tribos indígenas na América do Sul existe o que se chama de Couvade, termo utilizado agora pela psicologia para descrever a síndrome do homem ter os mesmos sintomas da esposa grávida). Em algumas tribos indígenas, como a tribo brasileira Tupari, quando a mulher engravida, o pai sente os sintomas e recebe as benesses da mulher grávida, inclusive após o parto. ( Eles bem que poderiam querer transferir para eles também a dor do parto!)
Talvez o individualismo da pós-modernidade, a luta da mulher em ser bem sucedida financeira e profissionalmente, a ditadura da beleza e conceitos feministas levados ao extremo tenham roubado da mulher a vontade de exercer este ato único e especial de ser mãe. “Não quero deformar meu corpo”, “não quero deixar minha carreira”, “não quero doar do meu tempo a outra pessoa.” ”Criança dá muito trabalho”. São exclamações constantes de quem não quer ser mãe.
Talvez a desculpa da despesa que uma criança traz faça com que a  troquemos pelos cachorros, pelo menos eles não nos respondem e desafiam. Vivemos em uma sociedade consumista. As crianças de antigamente não precisavam de videogame, nem de TV LED no seu quarto; nem de notebook; nem de jogos de  computador; nem de bicicletas ou patins motorizados; nem mesmo de carros de brinquedo motorizados miniatura; nem de triciclos motorizados; nem de bonecas de todo tipo e com toda estilo de roupa. Será que não substituímos a troca do bolo caseiro, da mamãe lendo livros de histórias de Monteiro Lobato, nos dias atuais Rubem Alves, ou pequeno tratado das grandes virtudes para crianças de André Comte-Sponville, ou qualquer outro autor de histórias infantis, pela babá eletrônica, pelos jogos, pela superficialidade em troca de nossa presença?
Não sei você, meu querido leitor, minha querida leitora, mas eu acho uma mulher grávida linda! Sem contar com a sensação de carregar uma vida dentro de você; sem contar com a sensação gostosa dos pezinhos mudando e chutando para lá e para cá; sem contar com a sensação gostosa e a emoção de ouvir seu coração batendo pela primeira vez; de ver aquele pequeno ser em posição fetal, muitas vezes chupando o dedo, em uma imagem de ultrassom. Sem contar com a emoção de cantar no umbigo para ninar aquele pequeno ser ainda no seu ventre. Sem contar com a emoção de amamentar pela primeira vez assim que a criança sai do seu ventre e vem com ânsia se conectar com você….sem contar….sem contar…sem contar…é inominável a sensação e a emoção de ser mãe.
Nestes últimos dias li em uma revista de psicologia um artigo denominado: O privilégio e o prazer de poder escolher não ser mãe. Confesso que fiquei indignada. Claro que todas têm o direito de escolher ou não ser mãe. Mas, denominar um privilégio e prazer…
Só a mulher tem este privilégio de ser mãe. Só a mulher tem o prazer de ser mãe. Mãe no sentido amplo da palavra. Mãe em conceber, nutrir, cuidar, imprimir valores nobres que influenciem não somente sua vida pessoal mas dos outros ao seu redor.
Agora, sou eu quem digo às mulheres: Não deixem com que a sociedade lhes imponha que não ser mãe” é um privilégio. Não deixem com que a corrida desenfreada ao redor de si mesma lhes roube do prazer de ser mãe. Escolha, mas escolha consciente, sem imposições, sem medos, sabendo que, ao contrário do que a sociedade atual lhe diz: SER MÃE, É MUITO GRATIFICANTE, PRAZEROSO E DESAFIADOR!

Silvia Geruza F. Rodrigues

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